sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A voz e a fala por inerência.

A voz humana é “o” instrumento que todos tocamos e é provavelmente o que têm o som mais poderoso do mundo.

No limite deste exercício de raciocínio talvez seja mesmo o único que pode iniciar uma guerra ou criar uma amizade.

Certamente já todos tivemos a experiência de que, quando falamos, não nos ouvem, porque será?

Como é que podemos falar de forma que nos ouçam e que simultaneamente faça a diferença no mundo e nos que nos rodeia?!

No meu dia-a-dia deparo-me com uma série de hábitos que penso que devem mudar na forma como comunicamos, isto é como utilizamos a voz e a fala, e podemos identificar até como os pecados mortais da fala, da voz portanto.

Alguns destes exemplos claramente não fazem parte do meu dia-a-dia (repudio-os mesmo) mas não estou imune a todos eles enquanto ser humano com todas as virtudes e defeitos que tenho, visto da perspectiva que me dão os meus 56 anos.

O mexerico, coscuvilhice.  
Utilizar “o” instrumento poderoso como é a voz para por exemplo dizer mal de alguém que não está presente, não é claramente um bom hábito, e sabemos muito bem que a pessoa que está a falar mal cinco minutos depois estará a dizer mal de nós.

Julgar. 
Certamente muitos de nós senão todos nós, conhecem pessoas que são assim a conversar, a dialogar. É lógico que ouvir alguém a ser julgado é difícil (mesmo que as circunstâncias assim o exijam) e cria uma vulnerabilidade ao mesmo tempo. Acho que utilizar a voz e a fala, por inerência, para emitir um juízo de valor em detrimento de julgar é substantivamente diferente.

Negativismo.
Outros há que de forma permanente se queixam de tudo e por nada, fazendo disso quase um traço de personalidade, transpirando assim tipo uma miséria viral. Não só não espalham, esperança, leveza e sol pelos que os rodeiam como se auto procrastinam como se de uma virtude se tratasse, Errado é uma má utilização desse fenomenal instrumento.

Desculpas.                                                                                                                                  
Esta é uma figura por demais conhecida, havendo sempre “pessoas” que arranjam sempre um bode expiatório e assim poderem atribuir sempre as culpas aos outros, não assumindo a responsabilidade das suas acções. Utilização pauperrima da voz.

O Exagero e os Floreados.
Em certa medida degrada a nossa própria linguagem pois distorcer os factos não é mais do que isso mesmo, por exemplo se vejo qualquer coisa que é realmente incrível o que é que vou chamar-lhe, incrível, e não outra coisa qualquer. O exagero pode em última análise tornar-se numa mentira e depois são mentiras atrás de mentiras, um chorrilho de distorções e claramente este tipo de pessoas não são bem-vindas (no espaço que ocupo e muito menos no meu dia-a-dia) nem têm qualquer interesse ouvi-las quanto mais dar-lhes a importância que não têm mas apenas a que elas atribuem a si próprias pois sabemos que estão a mentir, mentem para justificar a mentira atrás de mentira, num excesso de entusiasmo pelo floreado e exagero. Não prestam, pois lá diz o ditado a verdade vêm sempre ao de cima.

O Dogmatismo. 
Não pode haver nada de pior do que confundir opiniões com os factos pois quando estas duas coisas se misturam, umas vezes fazemos orelhas moucas, porque nos bombardeiam com opiniões como se fossem verdades. É difícil ouvir pessoas assim.

Em suma é minha convicção que utilizar a voz e a fala para o mexerico, coscuvilhice, julgar, transmitir negatividade, desculpas, exageros, floreados e dogmatismo, são um péssimo serviço no que ao bem estar dos outros diz respeito, começando pelo próprio.
Há porém forma de lidar com este tipo de pessoas que exibem com orgulho estas atitudes comportamentais e debitam verborreias que sintetizo nos parágrafos anteriores.

Podemos por exemplo considerar também, e ainda sintetizando, alguns pilares que me parecem fundamentais como valores a ter em linha de conta se queremos realmente que as nossas palavras façam a diferença pela positiva relativamente aos que nos rodeiam;

Honestidade e/ou higiene Intelectual, ou seja ser verdadeiro, directo e claro no que se diz.
Autenticidade, sermos apenas (e não é pouco) nós mesmos.
Integridade, isto é a nossa palavra, ter escrúpulos e caracter para fazer o que se diz. Devemos ser alguém em quem se pode confiar.
Respeito.       
Ter respeito é do meu ponto de vista uma demonstração de elevação, carácter dando espaço ao outrem e desejar sempre o bem das pessoas, por duas razões primeira porque acredito que ninguém gosta de ouvir a verdade absoluta, no entanto temperada com bom senso, honestidade, sensibilidade e respeito é uma atitude positiva, a segunda porque quando realmente se deseja bem a alguém e dela (por exemplo) nos dizemos amigos é difícil julga-la ao mesmo tempo. Tenho sérias reservas que seja possível fazer as duas coisas em simultâneo.

Ao utilizar a voz e a fala não só importa o que dizemos como a maneira como o dizemos, uma e outra coisa estão sempre interligadas e quando tudo o que anteriormente referi falha então, só mesmo o lugar à indiferença e ausência fará sentido para aqueles que se enquadram nas atitudes (ou falta delas) que identifiquei, neles cabem imensas pessoas, sim pessoas, que talvez por falta de formação pessoal e académica com um substancial défice a vários níveis e em diferentes planos não tenham capacidade para interpretar e moldar o seu comportamento no dia-a-dia de modo a alimentar a urbanidade, civilidade e não menos importante, humildade.

Resumindo cuide não da voz mas de forma como a utiliza, até porque palavra dita não volta atrás é como o tempo.

Fausto e a voz, leia-se, palavra escrita.

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