Incompleto, mar flat e uma tela.
Dou por mim a pensar, coisa que
para alguns é fastidioso mas para mim em certos dias é uma verdadeira orgia
intelectual, se sou ou não sou o que gostaria de ser.
Passados anos e analisando o que
a vida me entregou, que foi mais do que procurei e juntei, não tendo em rigor
dado valor ao que me foi dado e deixei-me levar por sonhos e projectos que
procurei alheando-me dos muitos sinais que a vida me foi dando, por isso sinto
e acredito mesmo não sabendo o que quero, sei claramente o que não quero.
Não quero
ignorar os sinais e perceber como ser, mais ou menos equilibrado, acima de tudo
feliz.
Sou feliz, embora permanentemente
desassossegado o que dilui a felicidade, a paz mas não repondo qualquer benefício.
Este é um dos meus dilemas.
Não fora a possibilidade de
descarregar na tela e no “papel” os sentimentos que por vezes ficam exacerbados
e teria um ataque de pânico, o que não sendo novo não deixa de ser pavoroso.
À laia e em jeito de compensação,
a tal justaposição ou equilíbrio das emoções, sempre me “refugio” no mar, no
campo, e não menos importante na tela.
As emoções são, para mim, assim
como brisa, vento, vendaval, furacão, tsunami e mar flat o que em milésimos de
segundos me desconstrói e repõem causando vertigens, sobretudo a do vazio.
Tenho horror ao vazio, como tenho
pavor de uma página em branco assim como o pânico que assalta numa tela em
branco que não se resolve a si própria, e sobre a qual me sinto incapaz de
expressar o que sinto, fico incompleto.
O sentimento do incompleto, na
forma e conteúdo, mas vivido de forma permanente desgasta e provoca um certo
grau de exaustão e feitas as contas tudo é mais ou menos incompleto, pois essa
é talvez a variável que introduz a possibilidade da participação do outro com a
sua parte incompleta para completar o que até à participação de terceiro,
estará, também incompleto e por ai fora.
“Não sei por onde vou mas sei que não vou por
ali…”
Fausto.