Incompleto, mar flat e uma tela.
Dou por mim a pensar, coisa que
para alguns é fastidioso mas para mim em certos dias é uma verdadeira orgia
intelectual, se sou ou não sou o que gostaria de ser.
Passados anos e analisando o que
a vida me entregou, que foi mais do que procurei e juntei, não tendo em rigor
dado valor ao que me foi dado e deixei-me levar por sonhos e projectos que
procurei alheando-me dos muitos sinais que a vida me foi dando, por isso sinto
e acredito mesmo não sabendo o que quero, sei claramente o que não quero.
Não quero
ignorar os sinais e perceber como ser, mais ou menos equilibrado, acima de tudo
feliz.
Sou feliz, embora permanentemente
desassossegado o que dilui a felicidade, a paz mas não repondo qualquer benefício.
Este é um dos meus dilemas.
Não fora a possibilidade de
descarregar na tela e no “papel” os sentimentos que por vezes ficam exacerbados
e teria um ataque de pânico, o que não sendo novo não deixa de ser pavoroso.
À laia e em jeito de compensação,
a tal justaposição ou equilíbrio das emoções, sempre me “refugio” no mar, no
campo, e não menos importante na tela.
As emoções são, para mim, assim
como brisa, vento, vendaval, furacão, tsunami e mar flat o que em milésimos de
segundos me desconstrói e repõem causando vertigens, sobretudo a do vazio.
Tenho horror ao vazio, como tenho
pavor de uma página em branco assim como o pânico que assalta numa tela em
branco que não se resolve a si própria, e sobre a qual me sinto incapaz de
expressar o que sinto, fico incompleto.
O sentimento do incompleto, na
forma e conteúdo, mas vivido de forma permanente desgasta e provoca um certo
grau de exaustão e feitas as contas tudo é mais ou menos incompleto, pois essa
é talvez a variável que introduz a possibilidade da participação do outro com a
sua parte incompleta para completar o que até à participação de terceiro,
estará, também incompleto e por ai fora.
“Não sei por onde vou mas sei que não vou por
ali…”
Fausto.
UiUiUi!...Estas dúvidas, o vazio, os assaltos de desequilíbrio de emoções são próprios da nossa geração (da tua, da minha, apesar de eu ser mais velha! Ehehehe) e o que se está a passar também não ajuda, eu sei!
ResponderEliminarO passado é isso mesmo passado, nem deves deixar que te assaltem esses pensamentos, pois se já sabes qual caminho, vai mas vai com a noção certa do certo!
Faz o que te apraz satisfação:
Se é pintar, pinta
Se é escrever, escreve
Se é ouvir, tocar e compor musica, ouve, toca e inventa (mas baixinho!)
Se é facebokear, facebeikoa
Parece brincadeira, mas não é…. Eu não escrevo tão complicado, o preto é preto, o branco é branco….
Não tens que ter “horror ao vazio” isso enchesse com afectos, com o dia a dia, deixar que se cheguem a nós, não julgar nem criticar pelo olhar nem pelos actos do momento e de circunstância, esperar pela transparência.
Só se aponta o dedo a quem “não faz” nada ou “faz” o que não está certo! E aqui o “faz/não faz” não é material, não é construção…. são actos, são beijos, são afectos, são carinhos, é gratidão…. Não temos nunca que nos comparar a ninguém, somos quem somos e como somos, sempre com educação e gentileza.
Não, não sou “mãezinha”, acho que sou descomplicada, o que pode ter vantagens ou não!?
Mas se fôr algo mais complicado( a que eu não consiga chegar por esta tua escrita tão dura e feroz), e se o vazio continuar faz yoga, meditação, quem sabe até pode ajudar!
Mas olha, escreve, escreve muito…. Só é bom para ti e para mim se me deres oportunidade de responder “à minha maneira”!